O
NÃO COMO PROFISSÃO (homenagem a Álvaro Lapa)
A
prudência da consciência (quanto à arte) é comum - mas a exuberância da vaidade
excita para generalidades nos modos de a pensar. Equívoco? Algo
contraproducente? Ou uma exuberância suplementar?
O
debate sobre que é o pintar, ou não (e ao seu valor), mostra o festim da Experiência como eclosão e
balbuciamento.
Pode
haver justificação, numa pintura? Tudo na pintura recusa a ubiquidade òbvia. No
entanto a acção da pintura não se circunscreve ao objecto, mas é pandémica como
uma micro-revolução permanente.
A
pintura não é teoria mas é teórica nos seus aspectos climatéricos. Procura a
teoria como um falso alter-ego nos festins mascarados da Natureza, sem nenhuma
generalidade, isto é, opõe a vantagem de escolher formas e representações
perante a sua sem-distância (o seu carácter afectivo).
A
pintura sendo origináriamente do dominio do não-verbal, dota-se de um perímetro
de inominável que é colmatado pela múltiplicidade de opiniões rápidas do
"respeitável público".
As
emoções pela Natura também são opinião: internamentos da complexidade e do fausto
do eclodir?
A
«solução» de heteronomizar é a possibilidade de outros recomeços. É como caçar
com outros cães. A autoria desdobra-se em técnicas de predação.
Porque
é que é que gostamos "em arte" das emoções da provocação?
O
não-ser contribui em alguma medida para a sensação de impaciência perante a construção.
A
arte procura presentificar-se (a si mesma) pela abundância, enquanto no seu
cerne o não-ser encena a carência - o que antigamente se chamava grau zero.
Possa
a teoria «desfazer» por inteiro para que a pintura refaça na sua insuficiência
gloriosa. Sou contra tudo o que é inteireza ou acabamento. Contra Ricardo Reis
- não sejas inteiro, fabrica-te no excesso e na exclusão contra uma possível
identidade. Põe o que poderás ser ou não ser em tudo o que farás.
Uma
técnica existentes confunde-se com os propósitos. Por isso exibi-los é
redundante.
A
teoria não como generalidade mas como generabilidade.
Emocionam-me
as ocasiões que propiciam.
As regras do ânimo.
A curiosidade da opinião
mascarando-se na multiplicidade.
É fácil justificar o perímetro do
inominável com a ubiquidade, mas isso é sempre uma burla.
O debate da pintura deve ser
tragédia?
Heterodidactamente a elite gere o
contraditório no possível.
O autos é o concretizar.
A complexidade das regras no
limiar de um festim?
A celebração de uma teoria tanto
pode ser teórica como não.
O não como «profissão».
A consciência possível é narcisismo
mesmo quando invoca o inominável comum.
A curiosidade do pintores constitui
os propósitos.