do neo-canibalismo ao tretoterismo, o caótico corpus do movimento homeostético, suas tricas, sequelas, etc.

domingo, 12 de agosto de 2007

«11 anos depois»


A primeira grande manifestação «pública» de alguns elementos Homeostéticos deu-se na exposição «11 anos depois», alternativa estudantil ao «Depois do Modernismo». Associavamo-nos aqui a artistas que eram ou tinham sido colegas do Xana. Os outros pretextos eram a enorme obra colectiva, «as suecas», na qual eu e o M. Vieira não tinhamos participado, e a reabertura da sala de exposições da Associação de Estudantes, onde uns meses mais tarde viria a acontecer a primeira exposição homeostética. A Ana Vidigal, o Domingos Isabelino, o Manuel San Payo, o Gonçalo Ruivo, a Conceição Caleia, o Pedro Casqueiro, o Jaime Lebre, a Inês Simões, a Alda Nobre, a Madalena Coelho, e mais algum nome que falta, estavam aí, e a grande pintura das suecas (algo neo-popista) era bem gira. Onde paira? Os textos eram «irónicos» e pseudo-nostalgicos de 11 anos passados - infância e fascismo.







TEXTOS «HOMEOSTÉTICOS» DO CATÁLOGO 11 ANOS DEPOIS



Manuel Vieira


A nós o futuro! A nós o presente! A nós o passado e a pesada autocrítica!

Mixomatose sintomática
Psicose omoplática
Vulva Ruiva e imberbe

Como descrever a exposição 11 anos depois???!!!





Xana


As tangerinas rolavam. Ainda andava no liceu e usava uma saia amarela às bolinhas.

O Verão chegava sempre num belo dia de sol e os lagos brilhavam como nunca no passeio em frente ao café «Palace».

Sentada na areia, então, metia os dedos na tangerina e oferecia um gomo a todos nós.

Sabem aquelas bolinhas que se comem?... vermelhas? – achas que eu estaria assim? Tu não te esqueceste da bica? – ah não... ah mas está tudo tão azafamado...




Pedro Proença

Espaço de reminiscência, mais do que saudade, sentimento tão lusíada e tão querido, que apesar de um lugar bem instituído, corre o risco de se desvanecer entre a lixeira da barbárie do pensamento industrial. Entre esse lugar geométrico, outrora, e este de hoje, um tempo mítico feito de eleição se ergue, majestoso, suspirando luxuriosos momentos e também estádios de angustia superlotados por masoquistas frenéticos. A ideia de colectivo, a politica, penetrou-o com uma intensidade fulgurante, e a comunicação dirigiu-se para estranhos lugares povoados de monstruosidades e flores raras.

Quantas ruínas cruéis, e desabrochamentos românticos pereceram nesta batalha contra a temporalidade? Quantos ousaram conhecer o permanente? Porém não ousemos codificar esse fluxo de possibilidades, que quer desperdiçadas quer por desperdiçar podem renascer como a Fénix dando novos motivos à vida.

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