do neo-canibalismo ao tretoterismo, o caótico corpus do movimento homeostético, suas tricas, sequelas, etc.
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
C. & E. (o novo)
Pudemos crer que a consciência humana era a sede do sujeito.
De facto, a consciência humana, que produz a ideia de sujeito, é actualmente a forma última, não a primeira, do sujeito.
Mesmo no homem a qualidade do sujeito não começa por estar ligada à consciência. É anterior a toda a consciência, a todo o psiquismo cerebral, inerente ao ser total e, por isso mesmo, inseparável do corpo. (Morin)
O novo é uma mancha cega e vazia como o Isso. (Adorno)
Encarar o Novo como director, como cabeça, como Capital. Reduzir o Novo a «revivalismo» é fácil. A transposição de uma atitude antiga para uma época diferente acaba por ser uma transformação e adquire significados diferentes que não passam necessáriamente pelas malhas do mau-gosto (embora, como em tudo, isso possa acontecer). Se o revival se reduzisse a kitsch o renascimento não teria passado de um revivalismo mal informado da arte greco-romana adaptado a novos mediuns, a novas geografias, a novas políticas.
Se invertermos a ordem paternalista do tempo e considerarmos o Novo sob um ponto de vista fraterno, precedendo o «revivido» teremos uma dimensão mais exacta das coisas: é que o «revivido» serviu afinal para alguma coisa – os genes dos antepassados estão em boa parte presentes nos dos descendentes, as potêncialidades dos pais são actualizadas nos actos dos filhos. O novo é a atitude que entre eles marca a diferênça.
O Novo é primeiro que o Velho.
As duas cabeças: a hierarquica (gestos mínimos) e a contestatária (transgressora). No meio vislumbram-se cabeça sexuais, superinformações, texturas não padronisadas, esboços descritivos.
O Novo é o Zero – o horror e fascínio do Zero, o aqui-infinito.
«O primeiro passo na Novidade foi o homem ter visto que existia o Caos. O segundo passo foi ter aberto o caminho para opor-se ao Caos.» (Almada)
Olhar o horror, o Caos, o excremento. Refazer a partir desse zero. O Caos anterior a qualquer coisa. O caos origem de todas as coisas torna-se necessáriamente origem do Novo.
«A permanência da Origem é a garantia para que possa cada idade tomar confiadamente a sua vez de criação sem se medir pelas outras». (Almada)
O Caos é o Não-Ser, o Isso, e, nas suas metáforas mais correntes, o Nirvana, o Eterno, o Inconsciente.
«Je finis par trouver sacré le desordre de mon esprit» (Rimbaud)
«Para fazer o novo é preciso regressarmos há humanidade na infância» (Gauguin) – romper os circulos neuróticos.
O horror do novo – o novo é frequentemente classificado de monstruosidade ou de degenerescência – é o sexual, o contestatário. O Velho seria a Ordem establecida ou a decadência. A predesposição para apropriação do novo exige novos métodos: dialética entre a potência e o acto que a reduz.
Revisitar os antepassados míticos ou malditos = masturbação retórica.
A masturbação retórica abre-nos ao Novo, deitando fora o Velho porque compreendido, absorvido, digerido.
Depois do espelho e da máscara: a Beleza, o Vazio – e já estamos do outro lado do espelho e da máscara.
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