do neo-canibalismo ao tretoterismo, o caótico corpus do movimento homeostético, suas tricas, sequelas, etc.

domingo, 12 de agosto de 2007

C. & E. (representação)


Este é o meu corpo.
Erro, ou magia, ou loucura
ou brincadeira de criança.



As soon it is generally understood that an image need not to exist in its own right, that it may refer to something outside itself and therefore be the record of a visual experience than the creation of a substitute.
The conceptual image might be identified with what we have called the minimum image – that minimum, that is, wich will make it fit into a psychological look.


Gombrich


A prática de representação tem girado constantemente numa operação de reconhecimento. Insisto como Morin no Re-. Re-conhecimento. Não se trata de uma re-visitação, uma nova visitação, mas num conhecer de novo, um «Começar», como no grande painel de Almada. Talvez um «a fingir que nunca se conheceu». Uma brincadeira.

Reconhecer é identificar: a operação parte do idêntico: dar individualidade e igualar. Ligar. Representar é ligar, unir, pôr um representante. A obra será assim o representante da representação. O representado é a experiência visual da representação. Ou corporal.

A obra plástica reenvia constantemente para a relação perceptiva que lhe deu vida, para a «maneira» de perceber do artista.



A «imagem mínima» é a representante de uma imagem pré-existente: o cavalo de pau representa um cavalo na sua totalidade. O que fica omitido nos sinais mínimos da representação é de ordem descritiva, porque o conceito «cavalo» como um todo está presente, ainda que invisível, e é revivido pelo «cavaleiro» através de toda uma «mimesis».

A situação é ainda mais complexa: o conceito «cavalo» adquire um poder – possui ou é possuído pelo representador, como um espirito nas práticas xamânicas. A aparência de algo auto-lúdico, de um fazer sem interesses utilitários, mesmo sem intençõrs auto-cognitivas ou regenerativas arrastam-nos outra vez para a ideia de «poesis» como passagemm do não-ser (desordem) para o sêr – o espaço conceptual que envolve o cavalo de pau é um espaço cheio de energias. Os sinais de representação tornam-se símbolos.

A imagem mínima, ou representação simbólica, corresponde aos gestos mínimos. Existe uma economia de meios que se identifica a um património máximo. Ela levanta toda uma memória e põe-na em movimento. Não recria um passado nem antepassado mítico, mas apropria-se de uma imagem anterior e dá-lhe movimento.

Passa-se de seguida a gestos cada vez mais mínimos: deixa-se de reconhecer uma caixa em que se empilham memórias, totémicas, a-totémicas, políticas, etc, para se entrar no mundo da relação plena em que a ambiguidade dois sinais mínimos constrói relações espacio-temporais que sendo de âmbito universal adquirem funções totalmente distintas de acordo com o meio e o tempo. São, como Orfeu, elementos unificadores. Mas o tempo tem neles uma importancia frequentemente menosprezada. Os arquétipos visuais persistem nas possibilidades perceptivas vulgares e menos vulgares. Os sinais mínimos agem sobre ambas as possibilidades como foco estruturador.



Ao gesto mínimo corresponde uma atitude máxima.
A minimal e a conceptual art esforçaram-se por provar isto e levar esta atitude até às últimas consequências.

Mas para lá deste levantamento exaustivo, o que é importante é a ideia de POESIS porque sem ela não há proprgresso para a MIMESIS.

Mesmo partindo da suposição de que vivemos num universo fechado que se autoconhece o paradoxo de Zenão continua a ser válido – nunca saímos do mesmo sítio: AQUI-INFINITO. Ou: entre dois momentos descontinuos existe um momento continuo.

A multiplicidade dos pontos de vista vai-se fazendo consciente. Entre a informação (que é descontinua) e o conhecimento (que é concentrativo) existem sempre transições inconscientes.
O Desconhecido existe sempre quer nos alicerces, quer para lá dos alicerces do conhecimento.

Este deve ser um dos pressupostos da representação. Os gestos mínimos são elipticos, mas as referências elididas são sobredescritivas.

Só o acto mental pode viabilizar uma não-tirania dos sinais hipermínimos sobre os mínimos, e dos mínimos sobre os descritivos.

Há que evitar uma hierarquia fixa de sinais.

Sem comentários: