do neo-canibalismo ao tretoterismo, o caótico corpus do movimento homeostético, suas tricas, sequelas, etc.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

C. & E. (fogo)


Fogo – purifica tudo. Ao ouvir-se gritar fogo
deve começar-se por perder a cabeça.
(Flaubert)

Les signes me disent quelque chose. J’en ferai bien, mais un signe est aussi un sinal d’arret. Or en ce temps je garde un autre désir, un pardessus les autres. Je voudrais un continuum. Um continuum comme un murmure, qui ne finit pas, semblable a la vie, quie est ce qui nous continue, plus important que toute qualité. (Michaux)

Pois criado
tendes em mim um novo engenho ardente
. (Camões)


Aqui, no centro da transformação, no fogo/jogo genésico –

«Este mundo, o mesmo para todos, não foi criado nem pelos deuses, nem pelos homensa; é como sempre foi e será, um fogo vivente, com moderação se extinguindo e com moderação se acendendo.» (Herácito)

«Chama de amor vivo» (S. João da Cruz)

O grande sacrilégio, a grande heresia, o roubo do fogo por Prometeu, constitui o mito fundador da humanidade.

O fogo e a maçã – o acesso ao conhecer, o acesso ao transformar.

Quem domina o fogo pode dominar o mundo.

Quem se mete dentro do fogo sem se queimar é da sua mesma substância.

As práticas de magia (no chamanismo em especial) atribuem grande importância ao dominio do fogo: dominar o fogo é dominar-se, é utilizá-lo sem se queimar.

O fogo traduz-se no quente, no cozido, no queimado. As pessoas agrupam-se à sua volta. Ele é centro, unidade de tudo. Dele vem tanto o bem quanto o mal.

O fogo acende os contrários. Lança o homem para a cultura. Separa-o da natureza, e ao fazê-lo o fogo separa-se do fogo.

A descoberta do fogo = pecado original.
Oceanos de chamas. Juízos finais.

Fogo de alquimistas, prima materia: AQUA NOSTRA EST IGNIS.

«La source represente non seulement le cours de la vie, mais aussi sa chaleur, son ardeur, le secret de loa passion don’t les synonimes ont toujours raport au feu» (Jung)

O fogo é o elemento que repõem o continuum, queimando até se extinguir – é engemho ardente, dando fôlego para que o livro se escreva de uma ponta à outra entrega a uma força que lhe dá vida.

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