do neo-canibalismo ao tretoterismo, o caótico corpus do movimento homeostético, suas tricas, sequelas, etc.

domingo, 12 de agosto de 2007

um dos primeiros «manifestos homeostéticos»


Este é o manifesto público do grupo para a populaça com que o grupo se apresentou em Maio de 1983. Não foi o único escrito.




MANIFESTO HOMEOSTÈTICO


Vestirmo-nos com as roupas matemáticas do despotismo esclarecido enquanto lançamos as crises no esquecimento,

fechados numa fraternidade central, num espaço e tempo construído e desconstruído para habitarmos e transgredirmos:

organizando desorganizando, mais ou menos exebicionisticamente,

deixando o corpo para sêr olhado ou reolhado, quais narcisos mergulados nos labirintos da imagem-própria, num espelho que incontrolávelmente é transcendido em simultaneo com o que é espelhado.


O caos existe no meio destas coisas,

é um dos íntimos deuses-máquinas-métodos, uma confusão activa e não-actuante:

uma paixão fria mais-ou-menos à espera.

Mas quem sonha com uma ordem intacta e perfeita?

Contar ou não contar com as Utopias: mera questão de táctica.

E o que é o Homeostético? : pergunta absurda cheia de táxis, caviar, livros de bolso e arsénico...

Fazer confluir todos os gestos para um Uno-Ùnico-Imediato,

ou então construir um deus-manofactura ligeiro/pesado, um deus artesanal

ou então uma pluralidade deles, sagrados e implacáveis, fazendo deslizar para o manufacto o deus e a sua catedral: que as montanhas venham visitar os profetas!

Tudo começa nos orifícios.

Primeiro o ritual festivo da catharsis: o morder, o ganir, o conter, o envolver;

segundo, o deixar-se ser envolvido.

Isto paradoxalmente. Com as unhas cheias de humor negro e branco, num acto máximo-mínimo e vice-versa:

neste caso a escala deixa-nos perplexos porque repleta de fluxos e influxos, de um dentro-fora em movimento.

Regresso e progresso na humanidade, na infância:

chafurdar na fraternidade com crimes revolucionários;

porém, o projecto é sempre o mesmo

¾ revelar a Cidade Nova.

Os poderes mostram-se desta maneira indemonstráveis, em luxuosos intímismos e em exageradas pantomimas,

sem sentimentalismos frenéticos e em nostalgias de ópios com binóculos no além.

A farda faz o militante, o rótulo apenas prefaz o homeostético.

O Homeostético é por isso um animal sábio e absoluto consciente do seu génio.

As estradas dos seus excessos conduze-lhe os palácios da sabedoria,

a meta entre o arrastador e o arrastado (facto magnético) é o aqui-infinito.

A revolução, a política, a regressividade, a solidariedade e o individualismo amam-nos profundamente:

ah, ser heroi, doido, amaldiçoado ou Belo!


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